Quase todo mundo já viveu aquele momento em que sabe exatamente o que precisa fazer, tem clareza do objetivo, mas simplesmente não consegue dar o próximo passo. É como se algo interno puxasse você de volta sempre que tenta avançar. Esse algo tem nome: autossabotagem — um mecanismo silencioso que nasce não da preguiça, mas da forma como você aprendeu a se enxergar ao longo da vida.
A autossabotagem não surge do nada. Ela é um comportamento que se ativa para “proteger” você de riscos, rejeição, frustração e possíveis fracassos. O problema é que, ao tentar proteger, ela impede. Ao tentar evitar dor, ela trava crescimento. E, quase sempre, sua raiz está diretamente ligada à autoestima.
Por que a autossabotagem acontece (uma visão psicológica simples)
Na psicologia, a autossabotagem costuma estar associada a experiências que moldam a percepção que você tem de si mesma. Entre os gatilhos mais comuns estão:
- medo de não ser boa o suficiente,
- perfeccionismo,
- dificuldade de lidar com críticas,
- sensação de que não merece determinadas conquistas,
- comparação constante com outras pessoas,
- crença de que sucesso traz consequências difíceis.
Quando esses gatilhos se ativam, o cérebro busca evitar qualquer situação que pareça ameaçadora — mesmo que, racionalmente, você saiba que é uma oportunidade.
O que a neurociência diz sobre isso (simplificado)
O cérebro funciona por padrões.
Quanto mais você repete um comportamento ou pensamento, mais o cérebro registra aquilo como caminho “seguro”.
Assim, quando você tenta:
- iniciar um projeto,
- mudar de carreira,
- entrar em um relacionamento saudável,
- adotar um hábito positivo,
o cérebro pode acionar o modo proteção e criar bloqueios, como:
- procrastinação,
- autocrítica excessiva,
- medo paralisante,
- perfeccionismo que impede ação,
- comportamentos que te afastam do que deseja.
Não porque você é incapaz — mas porque seu cérebro se acostumou a funcionar assim.
A boa notícia?
Padrões podem ser reprogramados.
Como romper o ciclo da autossabotagem na prática
Para sair desse ciclo, é preciso trabalhar consciência + pequenas mudanças comportamentais.
1. Identifique o padrão antes de agir
Observe onde você costuma travar. É no início? No meio? Quando está quase concluindo algo?
2. Questione a narrativa interna
Pergunte-se: “Esse pensamento é um fato ou um medo disfarçado?”
3. Comece por microações
Ação pequena = menos resistência interna.
Micro-hábitos são mais sustentáveis para mudar padrões.
4. Reduza o perfeccionismo
Busque “feito com qualidade”, não “perfeito a qualquer custo”.
5. Anote seus avanços
O cérebro precisa de evidências concretas para atualizar a própria percepção.
6. Procure ambientes que reforcem crescimento, não comparação
A autossabotagem reduz quando você se sente segura emocionalmente.
7. Aprenda a pedir ajuda
Autonomia não significa solidão. Apoio emocional fortalece a autoestima.
Como a autoestima transforma tudo
A autossabotagem não é sobre falhas — é sobre medo de lidar com quem você acredita ser.
Quando a autoestima melhora, a percepção interna muda, e o cérebro deixa de reagir como se cada passo fosse uma ameaça.
Com uma autoestima fortalecida, você:
- interpreta desafios como possibilidades,
- tolera erros sem se culpar tanto,
- cria segurança interna,
- consegue sustentar novos hábitos,
- passa a confiar mais nas próprias escolhas.
É assim que o ciclo se rompe: não pela força, mas por uma nova forma de se enxergar.
“O que você pensa sobre si se torna o limite da sua vida.” — Viktor Frankl
Quando você muda sua narrativa interna, a autossabotagem perde força e a autoestima finalmente encontra espaço para crescer.