Ter autoestima é algo frequentemente idealizado como amor próprio constante, confiança inabalável e satisfação plena com quem somos. Nas redes sociais, ela costuma aparecer como um estado permanente de segurança e felicidade. No entanto, a realidade é bem diferente: a autoestima é instável, construída aos poucos e profundamente influenciada por experiências, relações e contextos.
Ao contrário do que muitos acreditam, desenvolver autoestima não significa “se amar o tempo todo”. A psicologia reforça que autoestima saudável envolve aceitação, consciência e disposição para lidar com falhas — sem a cobrança de perfeição. É um processo silencioso, que acontece mais nas escolhas diárias do que em grandes viradas emocionais.
A autoestima não é constante (e isso é natural)
Diferente do que se vende como ideal, a autoestima não é uma linha reta. Ela oscila conforme fases da vida, acontecimentos, saúde emocional e até cansaço físico. Ter dias de insegurança não invalida o progresso feito — faz parte do funcionamento humano.
Existem pessoas que aparentam confiança o tempo todo, mas isso não significa que não enfrentem dúvidas internas. A diferença está em como lidam com essas oscilações. Em geral, há dois padrões comuns:
- Autoestima frágil: Depende excessivamente da aprovação externa e se abala facilmente diante de críticas.
- Autoestima saudável: Reconhece limites, aceita emoções desconfortáveis e não se define apenas pela opinião dos outros.
Nem toda autoestima vem de se elogiar
Repetir frases positivas pode ajudar, mas não sustenta a autoestima sozinha. Ela se fortalece principalmente quando existe coerência entre o que você sente, pensa e faz. Cumprir pequenos compromissos consigo mesmo costuma ser mais eficaz do que grandes discursos motivacionais.
A autoestima cresce quando há ação alinhada com valores pessoais. Dizer “eu me valorizo” tem pouco efeito se suas escolhas diárias dizem o contrário. Por isso, construir respeito próprio envolve atitudes práticas, mesmo nos dias em que a autoconfiança está baixa.
Os impactos silenciosos de uma autoestima mal compreendida
Quando a autoestima é confundida com perfeição ou sucesso constante, ela pode se tornar fonte de frustração. A pessoa passa a se cobrar excessivamente, evita erros e se sente inadequada ao menor sinal de falha.
Os efeitos disso aparecem de forma sutil no dia a dia:
- Autocrítica excessiva: dificuldade de reconhecer conquistas.
- Comparação constante: sensação de estar sempre “atrasada” em relação aos outros.
- Medo de errar: paralisação diante de novas oportunidades.
Como a autoestima realmente se constrói
Construir autoestima não exige grandes transformações imediatas. Ela se fortalece em decisões pequenas, repetidas e conscientes. Dizer “não” quando necessário, respeitar limites e aceitar imperfeições são atitudes fundamentais nesse processo.
Algumas práticas simples ajudam a sustentar esse desenvolvimento:
- Observe seus diálogos internos: questione pensamentos automáticos e rígidos.
- Reconheça progressos reais: mesmo que pareçam pequenos.
- Diferencie erro de identidade: falhar não define quem você é.
- Cuide do básico: sono, alimentação e pausas influenciam diretamente a percepção de si.
Um alerta importante sobre autoestima e comparação
Embora a comparação seja um comportamento humano natural, ela se torna prejudicial quando vira parâmetro constante de valor pessoal. Cada pessoa constrói autoestima em tempos, contextos e condições diferentes.
Redes sociais, padrões irreais e discursos de sucesso rápido podem distorcer essa percepção. Desenvolver autoestima também passa por aprender a filtrar referências externas e reconhecer que processos internos não são visíveis — e nem precisam ser.