Katia Ribeiro
Imagine um filme inteiro ambientado dentro de um táxi, com apenas duas pessoas conversando — e, ainda assim, você não consegue desgrudar os olhos da tela. Daddio (Papai) é exatamente isso: uma aula sobre como a conexão humana pode transformar o comum em algo extraordinário.
Dirigido por Christy Hall, o longa de 1h41 se desenrola entre o motorista vivido por Sean Penn e a passageira interpretada por Dakota Johnson. O que começa como uma simples corrida no trânsito de Nova York se torna uma viagem emocional, cheia de verdades, silêncios e pequenas confissões que nos fazem refletir sobre o que realmente sabemos das pessoas — e de nós mesmos.
Por que “Daddio” surpreende mesmo com um cenário tão simples
O poder de Daddio está justamente na sua simplicidade. Sem efeitos grandiosos, trilhas intensas ou reviravoltas mirabolantes. Aqui, o roteiro é o protagonista. As conversas entre os dois personagens parecem casuais, mas aos poucos revelam camadas profundas sobre solidão, empatia, gênero e o quanto subestimamos o outro.
- Diálogos autênticos: escritos com a precisão de quem entende o ritmo real das conversas urbanas;
- Atuações intensas: Dakota e Penn entregam química sem precisar de gestos exagerados;
- Fotografia simbólica: o táxi vira um microcosmo do mundo — um lugar de passagem, encontros e despedidas.
Dica rápida: esse é o tipo de filme que pede silêncio e atenção. Cada pausa tem significado, e cada olhar carrega mais emoção do que muitas falas inteiras.
Reflexão profunda as múltiplas leituras possíveis de Daddio
O encanto de Daddio está justamente em deixar espaço para interpretações. Cada espectador pode enxergar algo diferente naquela conversa entre duas pessoas comuns. Para alguns, o filme é sobre solidão; para outros, sobre empatia, escuta e vulnerabilidade. Tudo depende de como você se conecta com os silêncios e confissões que surgem durante o trajeto.
- O motorista pode ser visto como alguém que carrega a sabedoria do cotidiano, observando o mundo a partir do banco da frente;
- A passageira pode representar o olhar moderno, inquieto e emocional de quem busca se entender no meio do caos urbano;
- O táxi funciona como um espaço transitório — físico e simbólico — onde histórias se cruzam sem a necessidade de rótulos.
Essa abertura interpretativa é o que torna Daddio tão interessante. Em vez de entregar respostas, o filme oferece pausas, olhares e frases que ecoam mesmo depois dos créditos. O ritmo pode parecer lento, mas é justamente o que dá força à experiência — como uma boa conversa que se estende noite adentro, sem pressa para acabar.
O que torna Daddio um dos filmes mais intimistas dos últimos anos
Em um tempo em que o cinema busca cada vez mais barulho, Daddio mostrou que o silêncio pode ser revolucionário. Ele conversa diretamente com o público que valoriza experiências genuínas.
- Duração perfeita: 1h41 é o tempo exato para imergir sem cansar;
- Atmosfera emocional: o filme é como uma conversa que você não quer que acabe;
- Relevância atual: em tempos de excesso de ruído, filmes assim nos lembram do poder da escuta.
Se você gosta de tramas como Before Sunrise ou Lost in Translation, vai se encontrar nessa viagem emocional sobre o que é ser humano em meio ao caos das grandes cidades.
Uma viagem curta com impacto duradouro
Daddio não é um filme para assistir distraído. É para sentir. Um lembrete de que, às vezes, o maior movimento acontece quando estamos parados — presos no trânsito, no tempo ou dentro de nós mesmos.
Atualmente, o filme pode ser assistido na HBO Max e também está disponível na Amazon Prime Video (com complemento), além de opções de aluguel ou compra no YouTube, Google Play Filmes e TV e Apple TV.