
No interior do estado de São Paulo, um pequeno município com pouco mais de 4.700 habitantes se destaca nacionalmente por sua alta qualidade de vida. Segundo o mais recente levantamento do Índice de Progresso Social (IPS), Gavião Peixoto conquistou o primeiro lugar entre todas as cidades brasileiras pelo segundo ano consecutivo, alcançando uma pontuação de 73,6 em uma escala de zero a cem. A pesquisa, realizada em 2025, avaliou 5.570 municípios do país, utilizando critérios sociais e ambientais para mensurar o bem-estar dos seus moradores.
O IPS adota uma metodologia ampla, baseando-se em 57 indicadores que vão além dos aspectos econômicos tradicionais. Entre os critérios analisados estão saúde, moradia, inclusão social, saneamento básico, meio ambiente e acesso à informação. Essa abordagem permite identificar desigualdades e avanços sociais mesmo em regiões onde os dados de renda ou Produto Interno Bruto (PIB) seriam insuficientes para mostrar o perfil real da população.
Quais fatores explicam o destaque de Gavião Peixoto no ranking?
Alguns elementos ajudam a entender como Gavião Peixoto alcançou posição tão privilegiada no ranking do IPS. Uma economia base sólida, centrada na agricultura, especialmente no cultivo de laranja e cana-de-açúcar, oferece estabilidade ao município. O setor de laranja representa mais da metade das atividades econômicas locais, enquanto a cana corresponde a cerca de 38%. Além disso, a presença da fábrica da Embraer, instalada na cidade desde 2001, contribui para diversificar as oportunidades de emprego e eleva a renda dos moradores.
Outro fator importante é a infraestrutura instalada. O acesso a serviços básicos como água, energia, saneamento e saúde de qualidade é garantido a praticamente toda a população. Esses são pontos fundamentais para o desempenho de Gavião Peixoto, já que a metodologia do IPS valoriza indicadores que refletem diretamente o dia a dia dos cidadãos, promovendo maior equidade social e melhor condição de vida.
Por que a qualidade de vida é alta em cidades pequenas?
Cidades menores como Gavião Peixoto muitas vezes se beneficiam de uma administração pública mais próxima da comunidade, o que facilita o atendimento das necessidades. A agilidade para identificar demandas e implementar políticas públicas específicas pode ser maior do que em centros urbanos muito populosos. Além disso, a baixa densidade populacional diminui a pressão sobre os serviços públicos e favorece uma convivência social mais segura e harmoniosa.
No caso de Gavião Peixoto, a cidade foi emancipada em 1995, após décadas como distrito de Araraquara, e desde então apresenta gestão voltada para o desenvolvimento humano. Outro ponto relevante é o cenário histórico-cultural do município, que mesmo tendo tido uma comunidade de imigrantes russos no início do século XX, mantém um perfil bastante ligado ao campo e à agricultura. Essa atmosfera contribui para a preservação de tradições locais e gera uma sensação de pertencimento para os moradores.
Quais as principais diferenças regionais na qualidade de vida segundo o IPS?
O índice evidencia fortes contrastes regionais. Os melhores resultados são concentrados nas regiões Sudeste e Sul, com o estado de São Paulo liderando a lista — 14 entre as 20 melhores cidades do Brasil pertencem ao interior paulista. Por outro lado, os menores índices de progresso social estão nas regiões Norte e Centro-Oeste, especialmente em cidades pequenas da Amazônia Legal. A ausência de acesso à água potável, saneamento básico adequado e serviços de saúde são apontados como fatores que dificultam a elevação dos indicadores nessas áreas.
- Entre as cidades com as piores pontuações em 2025 estão Uiramutã (RR), Jacareacanga (PA), Amajari (RR), Bannach (PA) e Alto Alegre (RR).
 - Em relação às capitais, Curitiba, Brasília e Campo Grande despontam com melhores resultados, enquanto São Paulo e outras grandes cidades apresentam notas intermediárias.
 
De acordo com a estrutura do IPS, o progresso social é resultado de três dimensões principais: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades. Isso significa que não apenas a renda, mas também a qualidade dos serviços públicos, o ambiente e as possibilidades de crescimento pessoal têm grande peso no resultado final.
Como o IPS diferencia-se de outros índices e qual seu impacto para a sociedade?
Diferente do PIB e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que trazem uma perspectiva mais restrita dos aspectos econômicos, o IPS oferece uma análise social e ambiental mais aprofundada. O índice destaca que cidades com níveis de renda semelhantes podem apresentar desempenhos muito diferentes quando avaliadas sob a ótica social, revelando assim desigualdades que não aparecem nos números econômicos tradicionais.
No cenário atual, os dados do IPS reforçam a importância da elaboração e implementação de políticas públicas que priorizem o bem-estar coletivo e o desenvolvimento sustentável das cidades. Para Gavião Peixoto, servir de referência em qualidade de vida coloca o município em evidência e impulsiona o debate sobre o progresso social em todo o país, mostrando que o desenvolvimento pode – e deve – ir além dos números da economia.
FAQ – Qualidade de vida nas cidades brasileiras
1. O que é o Índice de Progresso Social (IPS)?
O IPS é um indicador que avalia o bem-estar da população de forma ampla. Ele não se limita a aspectos econômicos, como renda ou PIB, mas analisa 57 critérios que envolvem saúde, educação, inclusão social, moradia, saneamento, meio ambiente e acesso à informação.
2. Quantas cidades participaram do ranking do IPS em 2025?
Foram avaliados 5.570 municípios brasileiros, o que significa que praticamente todas as cidades do país entraram no levantamento, garantindo uma visão abrangente sobre as diferenças regionais.
3. Por que cidades pequenas costumam se destacar nesses rankings?
Municípios de menor porte geralmente conseguem oferecer serviços públicos mais próximos da comunidade, têm menos pressão populacional sobre infraestrutura e podem adotar políticas locais mais ágeis. Isso cria condições favoráveis para qualidade de vida elevada.
4. Quais são os principais fatores que elevam a qualidade de vida de uma cidade?
Entre os principais pontos estão:
- Acesso universal a água, saneamento e energia;
 - Boa rede de saúde e educação;
 - Segurança e baixa criminalidade;
 - Preservação ambiental e áreas verdes;
 - Economia diversificada que gera empregos e renda estável.
 
5. Quais regiões se destacam no ranking do IPS?
Os melhores índices estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, especialmente em cidades do interior de São Paulo. Já os piores resultados foram encontrados em municípios da Amazônia Legal, onde faltam saneamento básico, acesso à saúde e infraestrutura.
6. Qual a diferença entre o IPS e o IDH?
O IDH considera renda, expectativa de vida e escolaridade. Já o IPS é mais completo, pois avalia dimensões sociais e ambientais que mostram de forma mais realista como as pessoas vivem. Assim, uma cidade pode ter renda média alta, mas se não oferecer saneamento ou saúde de qualidade, terá uma pontuação baixa no IPS.
7. O que esse ranking pode mudar na prática para os moradores das cidades?
Os resultados servem como base para gestores públicos planejarem políticas mais eficazes, identificando fragilidades e oportunidades de melhoria. Além disso, o destaque positivo aumenta a visibilidade da cidade e pode atrair investimentos e novos moradores.